Paralisia do sono? - Texto
- Hillary Nathalie
- 20 de fev. de 2017
- 2 min de leitura

Era noite? Madrugada? Quase amanhecendo? Não importa à hora. Mas por ironia do destino deveriam ser três da manhã. Eu acordei, mas não do jeito certo. Estava só com os olhos abertos encarando o teto na escuridão. Tentei virar para o lado e não consegui, parecia que algo estava me prendendo, mas o que?
Tentei mexer alguma parte do corpo além dos olhos e falhei. Um desespero cresceu dentro de mim. E um barulho surgiu, a porta se abrindo lentamente, um som que já ouvi milhares de vezes, mas que naquela situação estava estridente até que a porta parou, mas o som que veio depois foi pior, era suave e pesado ao mesmo tempo, era frio e parecia onipresente, a lua ficou borrada na janela atrás da minha cama pela lágrima solitária que escorria, eu não podia gritar, eu não podia me mexer, estava sozinha. Não, não estava.
Algo estava me observando, eu queria ver o que era, mas algo me dizia que ia ser pior. Então o lençol foi puxando lentamente e caiu. Eu estava exposta, algo mexia na cama, algo estava se aproximando, algo estava em cima de mim, se mexendo em cima do meu corpo, era frio e pesado, estava em cima da minha barriga, talvez se preparando para atacar, todas as lagrimas já haviam caído deixando minha visão nítida, lentamente eu vi o que era.
Era minha mãe. Não, não era minha mãe. Tinha algo nela. Seus olhos negros. Suas unhas quebradas tocando o meu rosto, sua roupa úmida, seus cabelos desgrenhados e da sua boca saindo um som que não era humano. Parecia algum animal sendo torturado. Ela estava totalmente em cima de mim e me encarava com aqueles olhos mortos, eu já imaginava coisas que aquilo poderia fazer comigo estava conformada com a morte.
Até que aquilo encostou os lábios nos meus.
Sua boca fria tocou a minha e sussurrou algo indecifrável, ficou escuro por um tempo, nenhum som se propagava, nem a minha respiração que deveria estar irregular, só o terrível som do silêncio. Então tudo foi clareando, os sons voltaram, pássaros começaram a cantar, carros estavam passando, o relógio na cozinha estava fazendo o seu tic tac baixinho. Comecei a ter controle dos meus dedos, e a pressão sobre o meu corpo foi sumindo, todos os movimentos foram se recuperando aos poucos e consegui me levantar a tempo de ver aquilo saindo e fechando a porta do meu quarto lentamente, só deixando sua mão na porta e então tirando lentamente.
Meu celular despertou e me assustou, mas depois de todo aquele silêncio escutar algum barulho era acolhedor. Não falei com a minha mãe sobre o que aconteceu. Mas sempre que eu olhava pra ela, ela estava me encarando, ou me observando de canto de olho, geralmente manuseando algo perigoso. Talvez fosse hora de sair de casa.
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